RADAR: O testemunho de uma empresa no setor tecnológico

RADAR: O testemunho de uma empresa no setor tecnológico

Para a RADAR, a ideia de negócio surgiu de uma necessidade do mercado. No entanto, ter financiamento era quase uma obrigação por ser uma empresa no setor tecnológico, o que logo por si, obrigava a aquisição de equipamentos de valores avultados.

Como surgiu a ideia de negócio da RADAR?

Carlos Fidalgo: A ideia do negócio surgiu quando vim de férias para o aniversário da minha avó. Eu nasci nos EUA, mas os meus pais são do Fogo. Quando vim, fui visitar a minha tia na Fazenda que era um local onde nós costumávamos brincar. Mas quando fui lá dessa vez, ela tinha a casa dela toda fechada com grades e já tinha até deixado de ir à varanda para não ter de estar sempre a trancar as portas. Então pensei, nos EUA há muito maior criminalidade, mas é muito difícil encontrar pessoas que vivam enclausuradas com medo de assaltos. Lá o que usamos é tecnologia para proteger as casas. Então surgiu a ideia que veio mais tarde originar a RADAR.

E como foi a abordagem ao mercado?

Carlos Fidalgo: Na altura fui falar com um tio que já era empresário, o Braz de Andrade, e ele também gostou da ideia. Conseguimos outro sócio americano, António Silva, e começámos a preparar como poderíamos trazer a tecnologia de monitorização para Cabo Verde. Estivemos um ano a preparar tudo. Fiz uma apresentação da empresa na cidade da Praia e no Fogo para ver a aceitação do mercado e tivemos bom feedback. Comprámos todo o equipamento que precisávamos nos Estados Unidos e montámos a empresa cá. Portanto, viemos em 2014, conseguimos organizar toda a documentação em 2015 e iniciámos em 2016.

Demorou mais tempo que o normal?

Carlos Fidalgo: Sim, tivemos de ter alvarás para a área de atuação, tivemos também alguma desinformação, mesmo os meus documentos tiveram de ser todos traduzidos e foi necessário esperar a minha nacionalidade, foram burocracias que acabaram por atrasar o início.

Desde 2016 como tem sido o crescimento da empresa?

Carlos Fidalgo: Atualmente a RADAR dedica-se a fazer a instalação de sistemas de alarme, vídeo vigilância e controlo de acesso. Temos uma central que funciona 24h/7 dias por semana onde monitorizamos todos os sistemas de alarme em Cabo Verde, em qualquer ilha. Se houver uma intrusão, o alarme dispara e nós em 6 segundos temos essa informação. Neste momento, temos 17 funcionários na Praia e trabalhamos com outras instituições noutras ilhas.

Como funcionou o financiamento externo?

Carlos Fidalgo: No princípio, eu e os sócios fizemos um investimento de cerca de 12 mil contos só para comprar o equipamento inicial e software. Depois tivemos que ir ao banco para conseguir o financiamento para poder abrir a empresa e comprar outros materiais necessários para o negócio. Nós levámos o projeto ao banco, mas não tínhamos terreno, nem nenhuma mais valia que permitisse dar garantias. Isso deu-nos um atraso de cerca de seis a sete meses no início. No final, a credibilidade dos sócios e a sua experiência no mercado, permitiu esse desbloqueio e conseguimos avançar. No início fizemos uma Conta Corrente Caucionada, em que fazíamos as compras para fazer o pagamento mais tarde. Recentemente, mudámos para uma linha de crédito para seis anos. Nos últimos três anos temos estado em expansão com 25% de crescimento por ano. Este ano, o crescimento poderá atingir os 50%.

Era possível ter enveredado por este negócio sem financiamento?

Carlos Fidalgo: Era quase impossível porque a tecnologia que exige é de valor elevado, tanto software como hardware.

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